São Paulo - Uma pesquisa inédita elaborada pelo Núcleo
Central de Atuação Especial de Enfrentamento à Violência Doméstica (GEVID) do
Ministério Público de São Paulo revelou que mais da metade (57%) das agressões
contra mulheres ocorre após o término do relacionamento. O estudo, divulgado
nesta quinta-feira (4), analisou mais de 854 inquéritos entre abril e novembro
de 2012 da região central da capital paulista e selecionou uma amostra de 186
mulheres.
Segundo a promotora Silvia Chakian de Toledo Santos,
uma das responsáveis pela pesquisa, esse resultado representa em números
"o reflexo da cultura machista do nosso país, onde o homem ainda se vê
como proprietário da mulher, que não possui a sua liberdade respeitada".
A pesquisa também constatou que a violência doméstica
e familiar é mais intensa no período em que a parceira pretende romper ou rompe
efetivamente o relacionamento com o agressor. As principais formas de violência
são a lesão corporal (35,5%) e a ameaça (23,7%).
Condição
socioeconômica
Outro dado apontado pelo levantamento demonstra que
mais de 80% das mulheres trabalhavam e quase 70% possuíam escolaridade entre o
ensino médio e o superior quando registraram ocorrência nas delegacias. A
maioria (68,3%) tinha menos de 40 anos. "Fica comprovado que a violência
doméstica acontece dentro de todas as realidades sociais e econômicas",
diz a promotora. Silvia também destaca a importância do registro policial e
lembra que essas eram as mulheres que mais sentiam vergonha em se expor.
Já em relação às mulheres que não tinham emprego ou só
se dedicavam ao lar, 70,4% sofreram violência pelos maridos ou companheiros
enquanto ainda mantinham o relacionamento conjugal. Na avaliação da promotora do
MP de São Paulo, a dependência econômica permanece como um fator determinante
para que as mulheres continuem em um relacionamento violento. No entanto, ainda
é muito comum a posterior retirada da queixa por parte da agredida. "Não
há um número oficial, mas em média 90% das mulheres pedem a retirada do
inquérito".
Data: 5/04/2013
Sem comentários:
Enviar um comentário